Subir

O que você faz para cuidar?

< Voltar Marilia Marcucci

O modelo de que ganhar e acumular riquezas traz êxito para alguém está cada dia mais démodé. Isso mesmo: fora de moda, em desuso, obsoleto, e acima de tudo, “desinteligente”, para não dizer outra coisa.

Um dos mais importantes filósofos contemporâneos da América Latina, Bernardo Toro, já declarou: “estamos correndo o risco de desaparecer como espécie no mundo; ao mesmo tempo em que vislumbramos a possibilidade de conviver em um estado superior de humanização, vigorado pela troca infindável de conhecimentos e experiências em redes.”

Ou nós acordamos e assumimos o nosso espaço nessa sociedade contemporânea que se levanta em nome do compartilhamento e da inteligência solidária; ou nós morreremos como fantoches esquecidos no armário de coisas velhas, tentando INUTILMENTE ser o melhor.

Aquela inteligência guerreira, segundo a qual, deve-se lutar para ganhar, sempre, sem pensar nas consequências alheias dá lugar à inteligência solidária, segundo a qual, deve-se, antes de tudo, CUIDAR do outro. E esse CUIDAR está longe de ser a simples dedicação a entes queridos ou o afamado “ajudar ao próximo”, no sentido de caridade, donativo ou socorro.

Estamos falando de CUIDAR no sentido de se engajar em algo que, de fato, faça a diferença para um conjunto de pessoas, agora e no futuro. De um CUIDAR que envolva ações de comprometimento com o espaço público – aquele espaço que está longe de ser apenas o ambiente físico ou cotidiano comum a todos, porque representa a possibilidade efetiva de evolução do corpo, do espírito e do intelecto das pessoas – fatores que não devem ser comprados ou ganhados, mas PRATICADOS, coletivamente.

Se o nosso espaço não permite essa PRÁTICA, de maneira digna, para todos é porque ainda temos MUITO para QUESTIONAR, RESPONDER, COMPARTILHAR e FAZER. É a prática desses verbos que nos ensina a CUIDAR.

Ou aprendemos a CUIDAR dos outros ou continuaremos lutando por coisas inúteis.

O que você faz para cuidar?